Meu Gastrocnêmio e sóleo...

Estudos apontam que a partir do sétimo dia sem atividade física o atleta começa gradativamente a perder o condicionamento físico. A partir da terceira semana a perda é ainda mais drástica e, acima de um mês ou 40 dias de pausa, já é possível considerar-se um sedentário. Por isso é comum vermos atletas se exercitando em pleno período de férias.
Digamos então que eu estava de férias. Dos últimos 30 dias, 20 eu passei pedalando pelo RS. Enfrentei todo tipo de terreno e andei sob forte calor constantemente. A principio meu condicionamento físico deveria ser o mesmo de quando eu saí de férias, pois continuei me exercitando. Não é verdade? Bem, os técnicos, os preparadores físicos, os fisiologistas, os professores e alguns estudantes de educação física dentro dos quais eu incluo dizemos que não. Senão vejamos:
Um dos princípios do treinamento físico é a teoria da especificidade. Especifici... o que? Calma! O principio da especificidade superficialmente falando nada mais é do que, o aperfeiçoamento físico e técnico através de um treinamento montado com os requisitos específicos da modalidade esportiva em questão. Ou seja, se eu estava treinando para correr a maratona e passei praticamente um mês só pedalando, é natural que eu sofra uma queda de rendimento quando voltar a correr.
Os dois esportes trabalham bem o sistema cardiovascular e a resistência aeróbia, qualidades importantes para qualquer maratonista. Porém, é importante que se diga, cada modalidade envolte gestos especificos, exercitando angulos e fibras musculares diferentes. Não adianta eu fazer um trabalho de hipertrofia muscular com um jogador de golfe, seria perda de tempo e energia.
Toda essa introdução, foi pra dizer que voltei aos treinos ontem visando a maratona de Porto Alegre dia 24 de maio. Para reiniciar o treinamento escolhi um péssimo horário, ás 10h. O sol já estava bem quente. Mas eu estava com saudades de correr e tinha outro compromisso á tarde. Passei o protetor solar e fui assim mesmo. Corri 15 km a uma av. 12.6 km/h. Um ritmo tranquilo para mim que já fez esta marca correndo 26 km. Durante o treino tudo é alegria, o reencontro com o calção, a regata e o tênis foi emocionante. O problema veio algumas horas depois. Todos os músculos utilizados durante o treino me doem, em especial o grastrocnêmio e sóleo, ambos formam a popularmente conhecida panturrilha ou batata da perna e parecem se retorcer por baixo da minha pele.
É o que eu tentava explicar antes. Modalidades diferentes, ângulos e fibras musculares diferentes também. Se quiser correr a maratona, treine a corrida. Outros esportes poderão ser usados apenas como complemento, e sempre indicado por um profissional da área. É simples. Apesar da dor é bom estar de volta aos treinos. O inicio é assim, ao mesmo tempo doloroso e praseroso.