sábado, 14 de março de 2009

São José dos Ausentes/Cambará do Sul








Segunda 09/02/2009

Quando vi aqueles paralelepípedos quase chorei. Cheguei a Cambará do Sul coberto de poeira. O estado da “Poderosa” também era lamentável. Todos os avisos e advertências sobre as dificuldades e as belezas do caminho se confirmaram, e isso tudo só faz com que eu me sinta mais feliz por ter chegado até aqui.

A BR 285 vai até o posto de fiscalização da policia em São José dos Ausentes. Neste ponto temos uma bifurcação, a esquerda saímos em Timbé do Sul (SC), a direita seguimos para Cambará (RS). A partir deste ponto entro na RS 020, muito pior do que a péssima BR 285 de Ausentes.

As pedras cravadas no chão agora se multiplicaram. Não bastasse o cenário atual, São Pedro resolveu dificultar um pouco mais as coisas – sabe como é, pra ter mais emoção – e mandou uma chuvinha fina mas constante o suficiente para a estradinha virar um sabão, e eu com pneu slick. Segui em frente em minha cena quixotesca. Uma hora depois, meu companheiro de viagem – o sol – apareceu daquele jeito e se encarregou de secar tudo. Só que agora era a poeira. Dos males o menor!

Se eu não passasse por todas essas dificuldades que estou narrando, deixaria de ver paisagens únicas, que de tão belas parecem que foram pintadas. Talvez em breve o asfalto chegue nesta região e tenho dúvidas quanto a preservação deste lugar. É um trabalho de conscientização que deveria começar o quanto antes.

Depois de mais uma das tantas curvas, surge do nada a Celulose, uma indústria que extraí a celulose da madeira para a fabricação de papel. Lá está ela, grandiosa, imponente, uma fortaleza cuspindo fumaça em meio à natureza. Tudo bem que as pessoas precisem trabalhar e que ninguém vai ganhar seu sustento apenas admirando a natureza, não sou contra indústrias desde que respeitem e preservem a natureza. Deste trecho até Cambará o fluxo de caminhões aumenta e a poeira também. Fiz meu lanche num posto de gasolina em frente a fábrica.

No quartel, tinha um sargento que agora não me recordo o nome e dizia a seguinte frase; “Srs. Nada é tão ruim que não possa piorar”. Pois é, passando uns 4km da Celulose meu pneu traseiro furou, uma pedrinha o perfurou rasgando-o uns 2cm. Contei até cem, respirei fundo e tirei uma foto para rir da situação quando estivesse em casa. Tirei toda a tralha de cima da “Poderosa” e iniciei a operação. Isso tudo na beira da estrada, cada caminhão que passava me cobria de poeira. Faz parte! Concertado o pneu, improvisei um pedaço de câmara para tapar o pequeno rasgo e o proteger das pedras pois ainda faltava uns 10km até chegar a civilização.


Algumas coisas são difíceis de explicar e dão razão a aquele jargão popular que diz; “nada é por acaso”. Se o pneu não tivesse furado eu chegaria na cidade pelo menos 1 hora antes e não teria conhecido o Cacaio e a Paulete no centro de informações turísticas. Este casal de POA iria conhecer o canyon amanhã, viram a situação em que me encontrava, com o pneu danificado, e me ofereceram uma carona. É claro que topei. O plano era ir com “A Poderosa”, só que até lá são 24km, sendo que 19km de chão batido e eu não queria arriscar.


O plano para amanhã é chegar até o canyon fortaleza e para isso não importa o meio. Já dizia Hannibal: “ou encontramos uma forma, ou a inventamos”. Mas espero e acredito que o casal irá aparecer. Agora preciso dormir. Boa noite!

21:40

São José dos Ausentes: 54km

Total km/Dia: 54.42km

Velocidade Média: 10.0km/h

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